APRESENTAÇÃO

Sobre

Derivada do latim tradere (entregar, passar para outro, transmitir), a palavra “tradicional” quando aplicada à educação, como nos diz Not (1988), pode ter três significados. Se se refere ao processo, significa transmissão do conhecimento, podendo falar-se de transmissão activa, em oposição à construção do saber pelo aluno. Se se refere ao conteúdo, designa a utilização da tradição constituída (obras constitutivas do património cultural) em oposição ao recurso aos materiais do mundo moderno. Se se refere à origem, designa o recurso a métodos que são antigos e que os pedagogos de hoje consideram que nada mudam do que existe, em oposição aos que procedem da inovação. Estes três sentidos podem combinar-se de vários modos, podendo considerar-se uma determinada actuação metodológica de tradicional se se relacionar pelo menos com um destes três pontos de vista.
Embora intimamente ligados, o primeiro remete-nos de uma forma especial para uma ideia simples em que assenta a Educação Tradicional, o princípio da transmissão (ou o “aluno-objecto”) como sustentáculo de uma acção educativa em que o aluno é comparável a um objecto. “O que há de mais evidente, com efeito, do que a necessidade de formar um ser quando ele está inacabado, e de lhe transmitir aquilo que se possui e de que ele está desprovido?” (1989, p.17). De tão evidente, os pedagogos da Escola Tradicional não se preocuparam com a validade (ou não) do princípio de transmissão.
O segundo leva-nos a reflectir sobre outro fundamento da Educação Tradicional, isto é, a “pretensão de conduzir o aluno até ao contacto com as grandes realizações da humanidade: obras primas da literatura e da arte, raciocínios e demonstrações plenamente elaborados, aquisições científicas atingidas pelos métodos mais seguros” (Snyders, 1974, p.16). Estas realizações constituirão para o aluno modelos que o guiarão, transformando-se em alegria e elevação, propiciando o desabrochar da sua própria personalidade (Cf.p.16).
Snyder-William-T-1974
Pedagogos como Coménio (*1592-†1670) e Herbart (*1776-†1841) preocuparam-se de um modo muito especial com questões metodológicas.
Johann Friedrich Herbart
 
Mais recentemente, Durkheim (*1858-†1917), Alain (Émile Chartier: *1868-†1951) e Château acentuaram a importância dos modelos(10).
Émile Chartier

Émile Chartier
Importa referir que “Kant [*1724-†1804] está omnipresente na Escola Tradicional com as austeras ideias do dever pelo dever e de submissão à razão” (Gilbert, 1976, pp.49-50).
L. Not considera estas actuações metodológicas (tradicionais) como de heteroestruturação. Elas visam transformar o aluno pela acção preponderante de um agente externo. É o primado do objecto (transmitido). Este autor divide-as, por sua vez, em actuações fundadas na tradição activa ou constituída. Naquelas, o professor transmite o saber. É uma forma bastante utilizada mas raramente sistematizada. Nas outras, recorre-se à “acção modeladora dos conteúdos da tradição constituída; é a educação por modelos” (Not, 1988, p.15). Esta efectiva-se por transmissão desses conteúdos (Durkheim) ou por reprodução activa pelo aluno (Alain e Château)(11).
A preocupação com a transmissão aos jovens da experiência ancestral leva a que as situações educativas sejam centradas no agente desta transmissão. L. Not refere-se, nas suas obras mais recentes, a esta concepção educativa, em que o mestre expõe a sua lição e prescreve tarefas a um aluno que escuta a exposição e executa essas tarefas, como uma formação na terceira pessoa.
No desenvolvimento do processo de transmissão, por recurso aos modelos, estabelece-se uma relação mestre-aluno em que o primeiro é centro único de iniciativas e o segundo é receptáculo dos saberes (estáticos) e executor das ordens que brotam daquele.
Retirado de :: A ANTINOMIA EDUCAÇÃO TRADICIONAL – EDUCAÇÃO NOVA UMA PROPOSTA DE SUPERAÇÃO
por: JORGE A. MATOS CORREIA

 

 Educação e Escola



Escola
   Lugar onde se raciocina;
   Ambiente austero;
   Ajustado à sociedade, momento sócio-cultural.

Educação
   Transmissão de conhecimentos restrita a ação da escola;
   Educação como produto;
   Ausêcia de ênfase no processo;
http://educacaodialogica.blogspot.com

Professor, metodologia e avaliação


Professor
Relação vertical professor-aluno, sendo o professor com o poder decisório quanto à metodologia, conteúdo, avaliação e forma deinteração em sala de aula.

Metodologia
Transmissão do patrimônio cultural. Aula expositiva com demostrações tomadas quase que como auditório. O aluno apenas escuta.
A didática tradicional é resumida em “dar lição” e em “tomar lição”

Avaliação
Mede-se pela quantidade e exatidão de informações que se consegue reproduzir. As notas obtidas funcionam, na sociedade, como níveis de aquisição do patrimônio cultural.